The letter to the Hebrews briefly defines hope as “an anchor for our soul, as safe as it is solid, which penetrates beyond the veil, where Jesus entered for us, as a precursor…” (Hb 6.19-20). This Pauline image of the anchor is used by the first Christians and found in the catacombs and, during the period of persecutions, used as a representation of the cross of Christ, a sign of hope for the Christian. In this sense, taking this metaphor, we can say that hope is that reality which gives us support, security and encourages us and makes us see beyond reality, especially in situations of adversity of life. Those who have no hope despair! We usually say: “tomorrow will be better”, “those who wait always reach”.
Rogério Gomes, C.Ss.R.
Hope is not a denial or sublimation of reality. It is deeply and densely rooted in the ground of life and events and is born of the tension between the real, with its vicissitudes, and the human desire to overcome. It is the motion of the soul illuminated by the transcendental force and the belief that moves the human and makes him overcome realities that would seem unthinkable and give meaning or resignify things. It is the spark that makes us go through the darkness, overcome our fears and insecurities, with the certainty that there will be light. Hope is a patient restlessness that makes us move and, with a wise eye, intuits what is behind the curves of the roads of life and prepares us to continue on the path, always seeing new possibilities. Hope is to look and project the world with the eyes of God.
To wait. This verb is not appreciated by the postmodern human being who lives in a context marked by speed and wants to realize everything here and now, in an immediate way. Thus, hope is a virtue that opposes immediacy. Hope is fruitful, immediacy is fleeting, weakening, sterile. In a certain sense, the great existential crisis that occurs in recent times directly touches our Achilles tendon, because, in one way or another, we are immediatist. When we have been forced to stop and wait, because what is happening is out of our control, we feel helpless. In this emptiness and feeling of helplessness, hope arises as an imperative that makes us take our existence in our hands and to generate in our heart and spirit the forces that allow us to make our wait, not passive wait, but fruitful, that allows us to glimpse a new world of possibilities and give us the courage to follow the path and continue living. A human being without hope kills in himself his own spirit.
Perhaps it is the right time to ask ourselves: what to expect from ourselves? From the world? From God? Certainly, the answer will not be immediate but generated like a shoot in the mother’s womb that causes so much expectation and such a wait and, when it comes to light, it cries and, at the same time, it enchants, it provokes joy, because it is new that has come to inhabit the world. Hope puts us active in our search, not in the immediate sense, but in the transcendental horizon that is concretized in the immanence, the real ground of history, where men and women who wait dwell. Hope is derived from the divine patience that always awaits us and fills our hearts with faith, so we do not feel abandoned, thus taking us out of our insecurities and giving us the certainty that we will achieve what we hope for. To hope in God is to abandon Him, so that He may console us, in a literal sense, put the ground under our feet. So we can always wait “as long as there is sun…”
Photo: M.A. Zimmer / Pixabay.com
A esperança que nos faz ver horizontes
Rogério Gomes, C.Ss.R
A carta aos Hebreus nos define brevemente a esperança como uma “âncora para nossa alma, tão segura quanto sólida, que penetra para além do véu, lá onde Jesus entrou por nós, como precursor…” (Hb 6,19-20). Essa imagem paulina da âncora é usada pelos primeiros cristãos e encontrada nas catacumbas e, no período das perseguições, usada como representação da cruz de Cristo, sinal de esperança do cristão. Nesse sentido, tomando essa metáfora, podemos dizer que a esperança é aquela realidade que nos dá suporte, segurança e nos anima e nos faz enxergar para além da realidade, sobretudo, nas situações de adversidade da vida. Quem não tem esperança se desespera! Costumamos dizer: “amanhã será melhor”, “quem espera sempre alcança”.
A esperança não é uma negação nem sublimação da realidade. Está calcada profunda e densamente no chão da vida e dos acontecimentos e nasce de uma tensão entre o real, com suas vicissitudes, e o desejo humano de superação. É a moção da alma iluminada pela força transcendental e do crer que move o humano e o faz superar realidades que, aparentemente, seriam impensáveis e a dar significado ou ressignificar as coisas. É a centelha que nos faz atravessar a escuridão, superar nossos medos e inseguranças, com a certeza de que haverá luz. Esperança é inquietude pacienciosa que nos faz movimentar e, com olhar de sabedoria, intuir o que está por detrás das curvas das estradas da vida e a nos preparar para continuar o caminho, vendo sempre novas possibilidades. Esperança é olhar e projetar o mundo com os olhos de Deus.
Esperar. Este verbo não é apreciado pelo ser humano pós-moderno que vive em um contexto marcado pela velocidade e deseja realizar tudo aqui-agora, de modo imediato. Assim, a esperança é virtude que se contrapõe ao imediatismo. A esperança é fecunda, o imediatismo é fugaz, enfraquecedor, estéril. Em certo sentido, a grande crise existencial que ocorre, nos últimos tempos, toca diretamente nosso tendão de Aquiles, pois, de uma forma ou de outra, somos imediatistas. Quando fomos forçados a parar e a esperar, pois o que se passa, está fora de nosso controle, sentimo-nos desamparados. Neste vazio e sensação de desamparo, surge a esperança como imperativo que nos faz tomar nossa existência nas mãos e a gestar no coração e no espírito forças que nos permitem fazer de nossa espera, não espera passiva, mas fecunda, que nos proporciona entrever um mundo novo de possibilidades e nos dar coragem de seguir o caminho e continuar a viver. Um ser humano sem esperança mata em si o seu próprio espírito.
Quem sabe seja o tempo propício para nos perguntarmos: o que esperar de nós mesmos? Do mundo? De Deus? Certamente, a resposta não será imediata, mas gerada como rebento no ventre materno que provoca tanta expectativa e tamanha espera e, ao vir à luz, chora e, ao mesmo, tempo, encanta, provoca alegria, porque é novidade que veio habitar o mundo. A esperança nos coloca ativos em nossas buscas, não em sentido imediato, mas de horizonte transcendental que se concretiza na imanência, chão real da história, onde habitam homens e mulheres que esperam. A esperança é derivante da paciência divina que nos espera sempre e enche nosso coração de fé, por isso, não nos sentimos abandonados, tirando-nos, desse modo, das inseguranças e nos dando a certeza de que iremos alcançar o que esperamos. Esperar em Deus, é abandonar nele, para que ele nos console, em sentido literal, coloque o chão sob nossos pés. Então, podemos sempre esperar “enquanto houver sol…”